sábado, 9 de maio de 2009

Sem Título

Amígdalas de crocodilo
Que entopem a minha prece.
São doidas!
Continuam e vibram ventanias
Desbotam e calam o ferro da cor.

Da noite saem caudas
Que se soltam
Que se amam.

E da prece primeira dos tempos
Com as ventoinhas a puxar,
Saem dedos gordos, mulheres a fumar
E o sino voa, do cimo até ao céu
E não vai nunca e sempre parar de dançar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ausência de calor ou frio?

Balas.

O problema é o resto, até porque balas sozinhas não matam ninguém.

Ninguém/Alguém
Quem?
Ninguém.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Pinto Ponto Pontinho

Se naquela manhã não acordasse contigo ao lado, daquela maneira que tens para me dar tudo o que não tens, mas finges ter, só para me desinfectar da podridão fétida que assola e deslumbra a minha cabeça e percorre as ruas erguidas por cima das paliçadas, tal ponte que me leva para trás do exército dos bonecos de neve. Catapultas de esferovite desfeito a arder, carabinas de escarras adocicadas, todo um arsenal de uma belicidade carinhosa que com um sorriso avança.
Naquela manhã veio a Confusão.
Em soluços molhados de luz e serpentinas epilépticas que dançando espumam da boca.
De Hiroshima com Humor.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sobre a Vida

Um lacticínio de repetição
Bujarda do fundo do colhão.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Post Scriptum da Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal

Depois de me dares o pedacinho de lua com espinafres, peço-te ainda, e porque fui um bom menino este ano, que vistas o teu fatinho vermelho e o barretinho vermelho, despejes um litro ou dois de álcool ou gasolina pela cabeça abaixo, e acendas um fósforo. Só para ver o que acontece.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal

Este ano apenas peço um pedacinho de lua com espinafres.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Desligar Ligado Com Gaze

Narizes empinados num folclore maquiavélico.
Para trás. Para trás. Para trás.
É a nuca que vê o vómito risonho que de dentro vai entrando para fora.
Carrosseis de girassóis lilazes rodopiam por cima de um cadáver que morreu vivendo a rir a chorar, sem nunca sequer ter tido a cobardia de enfiar o que quer que fosse pela frente ou por trás de qualquer nariz empinado.

(Por trás e para trás. Não vejo um caralho. Garanhões, mas daqueles que não são animais, e flutuam e não são transparentes, mas mesmo assim não se tocam porque quando andam já tocam em tudo o que passa andando.)

É verde.
Termino lambendo as arestas da bola baça que me atrofia o escroto.
Fim.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Relatório de Contas

Se a ditadura é um facto, a revolução é um direito.

Hoje, no mundo em que vivemos, somos alvo de um preenchimento furtivo da nossa atenção, para algo objectivamente errado, vindo de algo que precisa urgentemente de um shot de subjectividade anti-conceptualista, levando-nos ao fantochismo ou ao efeito marioneta.

Até aqui nada de mal. Quem diz o contrário é doido.

Pedaços de terra que se compram a alguém. Direitos maiores para pessoas mais importantes, e direitos menores para pessoas menos importantes. E ninguém se importa que se classifiquem as pessoas por valores hierárquicos de importância. Eu também não. Aliás, até me sinto dormente. Todos se vendem. Mas isso é normal e respeitável, desde que o preço seja alto.

Comandados por conceitos estáticos, estéreis de valores naturais, dirigidos de, e para os que compram pessoas. O culto do ter esmagou o culto do ser. Quero que me paguem por lerem o que escrevo. Base de licitação barata.

A solução é mandar para o caralho. Desligando o caralho de qualquer alvo de classificação de grotesco ou belo. É só mandar para o caralho.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A P.M.A.

As regras que em nada contribuem para o desenvolvimento positivo das relações humanas são por si estúpidas.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Hail To The Chief

Uma caixa onde vivem formigas. Quatro paredes e um tecto de vidro, para permitir observação. Tudo observado e tudo controlado. Dentro desta caixa de vidro há muitas caixinhas onde vivem formigas. E dentro de cada caixinha quem reina é outra caixinha. As formigas só se limitam a seguir as ordens que a caixinha que manda nas suas caixinhas lhes diz. As formigas são muito felizes. Tudo funciona em harmonia neste reinado das caixinhas. As formigas comem, bebem, cagam, mijam, fodem e dormem, tal como a caixinha lhe diz para fazerem. É uma alegria.
Na parte de fora da caixa de vidro está um gajo com uma lupa, pronto para, sempre que quiser, ampliar a luz do sol que entra na sua caixa maior, e queimar umas formigas. Quem lhe diz para o fazer é a caixinha que também manda na sua caixa maior.

Tudo funciona.
Todos são felizes.
Comem, bebem, cagam, mijam, fodem e dormem.
É uma alegria.

(Tudo observado, tudo controlado)

sábado, 1 de novembro de 2008

Bolas de Sabão

(...)o que acontece como purga ou catarse do que senti. É riso ou choro. Toca sem tocar e fala sem falar.
(Som de um acordeão tocado por Apolo)
Nunca me vão levar a sério. No entanto vou mudar o mundo.

Iluminações

Bardamerda tem uma filha
Que se estava enamorando
Rodapeidos foi pedi-la
Bardamerda - Estou cagando!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

"Eu quero é que as más línguas se fodam"

Gostava de sentir o que sente um mosquito quando se vem.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Espasmo

"Já nasceu!" Dito com um sorriso na cara, com uma lágrima no olho e com aquele ar de felicidade instantânea que, por ser instantânea é única. Dito isto depois de ser ter dito que isto está tudo uma merda, que está difícil, que está fodido, que um gajo anda cá e gozam com a nossa cara, que nos cospem em cima, que nos mandam para o caralho todos os dias. (Aqueles tipos que me dão vontade de mijar nas rodas dos carros importados que estão estacionados à frente da Assembleia.) E a poluição. E o planeta está a morrer, já não há florestas, o ar faz um gajo tossir e ter alergias, daqui a não sei quantos anos já não há petróleo, e os nossos netos vão ter a vida fodida. Mas ao menos dão-nos o futebol. Foda-se, ao menos isso. E prezo realmente quem nos quer dar mais instrução e verdade sobre o que se faz. (Golo do Sporting!) (Multas para pagar) (Filhos da puta, ladrões de merda que vivem à nossa custa) (Penalty)
Já nasceu!
(Já é sócio?)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Da Natureza das Coisas

Só estou em Teatro por causa das gajas boas.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O Segredo

Definitivamente, a resposta certa quando a questão da origem vem à baila, é a Aloysia Triphylla, vulgo Lúcia-Lima.
O segredo mais bem guardado do universo, que ninguém nunca tinha desvendado ou publicado, é hoje, por mim divulgado. O Arché da Physis é a Lúcia-Lima. Estou mesmo a ver o Anaximandro, o Anaxímenes e o Tales, todos reunidos em Mileto, na festa de anos do Tales a beberem um chazinho. Se o tivessem feito, teriam certamente evitado todas as calamidades que assolaram o mundo pós-Antiguidade Clássica. Felizmente fui presenteado com este dom que vai dar a paz e a felicidade intelectual a todos. E com isto ponho um ponto final em toda a Filosofia.
Que morram todos os pensadores.

domingo, 19 de outubro de 2008

Ridendo Castigat Mores

Ontem fui às putas com Deus. Receoso de ferir susceptibilidades, oculto os pormenores escabrosos que podiam eventualmente fazer parte de uma descrição mais realista. Mas eu amo as pessoas e tenho sinceramente medo do que possam pensar ou falar de mim.
Voltando ao dia de ontem. Quando estava a sair da já mencionada instituição, Deus aproximou-se de mim e convidou-me para ir beber um copo a sua casa. Logicamente fiquei aturdido, mas nunca poderia recusar um convite do Deus em pessoa para uma bebedeira. Respondi-lhe prontamente que sim e lá fomos nós. Chegámos a um T2 no Príncipe Real. Lá dentro estava um urso, uma gaja com asas a voar de um lado para o outro, um chinês, o Ratzinger, um cão, um maneta, três gémeas siamesas agarradas pela planta dos pés e um agente da Polícia Judiciária. Estavam todos sem roupa, numa orgia dionisíaca. Deus despiu-se e convidou-me para participar. Neste momento fiquei realmente fodido. Então Deus convida-me para ir beber um copo a casa dele depois de sairmos de uma casa de putas, e convida-me para pôr a minha pilinha no pipi de uma gaja com asas enquanto o Papa me lambe a orelha?
Se ele é Deus já sabia que o que eu queria era vinho e que depois de sair da casa de putas, o que menos me apetecia era fornicar um urso ou algum dos caracteres presentes na casa do Senhor. Roubei-lhe três garrafas de Tinto Divino de 99 e saí. Cheguei a minha casa e embebedei-me sozinho. Rezei um Pai Nosso e uma Avé Maria e pedi perdão com um Acto de Contrição.
"Meu Deus porque sois tão bom? Tenho muita pena de vos ter ofendido. Ajudai-me a não tornar a pecar."
Ámen.

sábado, 18 de outubro de 2008

Berlindes Magnéticos

Não. Isto não é só uma viagem em que vou de costas no comboio, a ouvir trinta mil conversas que não me interessam, com a perna da respeitável senhora que se apresenta ao meu lado a roçar na minha, a um ritmo irritantemente certinho. Certinho porque é da perna esquerda de uma respeitável senhora que trato. Evidentemente, se fosse a perna direita, significaria que não ia à janela e que a paisagem que me passaria à frente dos olhos seria a lista tão murchadora de pilinhas que se vê por baixo da inscrição "Para o seu conforto nesta carruagem". Se o facto fosse este, provavelmente teria dito "certo comó caralho", ou "estupidamente bem ritmado". Mas não. O termo é "certinho". Não sendo só uma viagem de comboio, não me posso desligar dos berlindes magnéticos que saltam de um lado para o outro, como se fizessem parte de um qualquer grupo ou rancho folclórico dançantes da mazurka. Dançam paralelamente à linha que se assemelha a um palito depois de ter tirado meio quilo de carne de perú do dente molar de um homem portador de um bigode farfalhudo. E falam. Uma língua magnética que nem se ouve. Mas entende-se. É perceptível como a interferência de um telemóvel em qualquer televisão. Linguagem universal. Cheiram execravelmente a positivo e a negativo. E a dança continua. Um cumprimento à respeitável senhora, um beijinho no bigode do senhor, um fellatio ao palito propriamente dito. Que se foda a República.